Um lugar inocente, beleza, vida.
A luz do Mediterrâneo a brincar nas
escamas metálicas do peixe do Gehry.
Gente a correr, cães e bicicletas.
Uma mulher encostada à paragem do
autocarro. Os olhos fixos no mar azul, uma mão a apertar o fio do
pescoço, a outra a abraçar uma capa transparente recheada de folhas
e os lábios a mover-se em reza.
Lá dentro, vi um casal abraçado a
chorar e gente com o olhar perdido no mesmo mar, à espera de
respostas, ainda que líquidas.
Apertei a mão da minha filha e fiz-lhe
cócegas até ela deixar de olhar em volta.
A dermatologista era portuguesa. As
covinhas do sorriso dela lembraram-me os telhados da Mouraria cheios
de sol.
Depois mandei 3 mensagens a dizer o
mesmo:tudo bem. Mas quando o mar passou a deslizar pela janela do
autocarro, eu senti como uma parte do meu olhar mergulhou fundo e
devagarinho no Mediterrâneo.
Ficou lá, voltei sem ela, porque me
sinto mais leve.
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