martes, 19 de febrero de 2013

Mediterrâneo

                                                                           Foto:Laura Olmos Bonet



Um lugar inocente, beleza, vida.
A luz do Mediterrâneo a brincar nas escamas metálicas do peixe do Gehry.
Gente a correr, cães e bicicletas.
Uma mulher encostada à paragem do autocarro. Os olhos fixos no mar azul, uma mão a apertar o fio do pescoço, a outra a abraçar uma capa transparente recheada de folhas e os lábios a mover-se em reza.
Lá dentro, vi um casal abraçado a chorar e gente com o olhar perdido no mesmo mar, à espera de respostas, ainda que líquidas.
Apertei a mão da minha filha e fiz-lhe cócegas até ela deixar de olhar em volta.
A dermatologista era portuguesa. As covinhas do sorriso dela lembraram-me os telhados da Mouraria cheios de sol.
Depois mandei 3 mensagens a dizer o mesmo:tudo bem. Mas quando o mar passou a deslizar pela janela do autocarro, eu senti como uma parte do meu olhar mergulhou fundo e devagarinho no Mediterrâneo.
Ficou lá, voltei sem ela, porque me sinto mais leve.